arrow_backVoltar

Festival do Clube 2021

Unreal: disrupção e novas possibilidades no audiovisual

23.09.21

A chegada do softwareunreal” ao mundo das produções publicitárias muda completamente o jogo. “A tela verde ficou madura”, brincou Zico Farina, diretor de criação da Suno, referindo-se ao croma key, durante o painel “O ‘unreal’ aplicado ao mundo real (The Mandalorian etc)”, no Festival do Clube 2021.

O software foi criado originalmente pela Epic Games para a primeira edição de Unreal Tournament de 1998. Isso mesmo, há mais de 20 anos. Mas, obviamente, evoluiu muito, tornou-se mais acessível e chegou ao mundo do audiovisual publicitário abrindo possibilidades como “começar uma cena em Marte e terminar no Pelourinho”, conforme citou Farina.

A primeira provocação do mediador Fred Luz, diretor de cena da O2 Filmes, foi justamente sobre como essa tecnologia impacta na criação de um roteiro.

Ela nos dá a capacidade de gerar um monte de novas narrativas”, disse Farina, que lembrou da liberdade de não ter que lidar com impeditivos como a verba.

Para Camila Naito, head of production da WMcCann, ela muda o jeito de pensar da produção. “Diante de um roteiro mais difícil, a tecnologia permite que a produção traga novas soluções”. No entanto, a fase de pré-produção vai precisar de maior alinhamento, antes de entrar no set de filmagens. Haverá também mais trabalho de direção de arte para integrar os elementos cenográficos aos gráficos. “E poderemos atingir o público de forma cada vez mais segmentada e mudar muitos paradigmas”, afirma ela.

Isso acendeu um alerta em Fred Luz, que questionou: “será que estamos vendo morrer o famoso ‘resolve na pós-produção’ e trazendo os problemas para serem resolvidos na pré-produção?

Para Diogo Costa Pinto, diretor de tecnologias criativas da Quanta, a resposta é "sim". A pré-produção se torna um período essencial de economia de tempo para que o filme saia quase pronto da produção, apenas para pequenos ajustes na pós. “Trabalhamos com um time de arquitetura para acompanhar a direção de arte de tudo o que está sendo criado para que a cenografia converse com o 3D, explica.

Além disso, o diretor pode ver, em tempo real, o que está acontecendo e o que precisa ser mudado. Os atores e atrizes também interagem com imagens, não mais com um fundo verde e sem movimento. Os clientes não precisam de tanta explicação para entender como será o resultado. As luzes que estão na tela mudam a cor da pele dos personagens e o trabalho do fotógrafo também. Se um meteoro cai na terra pela tela, a luz gerada se espalha por todo o set. Ou se um carro entra em um túnel no universo “unreal”, a mesa de luz apaga o set, gerando a falta de luz do ambiente proposto. “Há consequências para toda a equipe e precisamos conversar muito e ter curiosidade de exploração dessa nova ferramenta”, lembra Costa Pinto.

Luz trouxe outro questionamento para a mesa: “será que teremos bibliotecas digitais com ambientes proprietários das marcas?

Rafael Fittipaldi, fundador da MediaMonks garante que sim e que será um caminho sem volta. “As agências e marcas vão começar a se preocupar em produzir ambientes próprios que se tornarão uma visão de mundo proprietária”. Segundo ele, será a criação de ecossistemas para permear a conexão de marca em diversas plataformas, como o interior de uma loja para empresas de telecom ou um bar para cervejas. E isso permite que você produza em qualquer lugar do mundo, sem perder a característica ou a linguagem da marca. “Será uma criação maior no início, que se se diluirá ao longo do tempo”, completa Fittipaldi.

Para Farina, é “a oportunidade de um negócio novo de produção, com possibilidade de ganho de escala sensacional”.

Ironicamente, mas muito felizmente, o unreal é uma ferramenta do tempo real, que tem sido muito usada para criar conexão com a audiência. A pandemia reforçou essa necessidade, com o aumento da disputa por atenção nos eventos virtuais. “A partir das interações do público em diversas plataformas, as pessoas dizem o que querem ver e os gráficos vão alterando o que aparece na tela, em tempo real”, explica Fittipaldi, dando como exemplos shows virtuais e videoclipes.

Algumas importantes conclusões foram tiradas dessa conversa. Entre elas a de que o unreal permite voltar para a criatividade do roteiro, com mais possibilidades do que impossibilidades e soluções importantes para o que poderia ser uma cilada; que é possível trazer o cliente do cliente para interagir e voltar-se assim para o negócio e a segmentação; que a tecnologia está gerando uma nova disruptura na indústria, colocando, por exemplo, um desenvolvedor 3D de arte dentro do estúdio de filmagem, o que também traz uma nova visão para o trabalho, mas exige conversa e novas formas de atuação; que poder trabalhar o tempo real vai permitir focar na performance e, quem sabe, gerar mudanças de tela ao vivo, por um comando do telespectador.

Ah, e não menos importante, com o unreal serão poupadas muitas noites de sono de envolvidos em produções que deixam de ser externas para adentrarem aos estúdios, faça chuva ou faça sol.

Rita Durigan

Leia anterior aqui.

Espie a programação completa do Festival do Clubeaqui.

Para acompanhar o Festival ao vivo e de graça escolha sua sala por aqui.

Serviço
Festival do Clube de Criação
Quando22 e 23 de Setembro de 2021
OndeGloboplay
InscriçõesSympla
Hosted byClube de Criação
www.clubedecriacao.com.br
Fone: 55 11 3034 3021
Whatsapp: 11-93704-2881

Siga o Clube ou se inscreva em nossos canais:
ClubeCast, nosso podcast - Spotify Google
TV Clube de Criação - www.youtube.com/user/TVCCSP
Instagram - www.instagram.com/clubedecriacao
Twitter - twitter.com/CCSPoficial
Facebook - www.facebook.com/clube.clubedecriacao

Festival do Clube 2021

/