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Cannes Lions 2017

Sorrell, Kraft e Howard: tempo de transformações

23.06.17

O Cannes Debate, evento promovido na Riviera há 15 anos pelo Grupo WPP, reuniu neste ano dois ícones de indústrias que vivenciam transformações, como destacamos aqui.


Robert Kraft, proprietário, dentre outros, do New England Patriots, time campeão do Super Bowl de 2017, e Ron Howard, diretor de filmes como Splash, Cocoon, Uma Mente Brilhante, Apollo 13, Inferno e, anunciado horas antes do evento, do novo filme de Han Solo, uma spin-of da saga Guerra Nas Estrelas.


Entrevistados por Martin Sorrell, CEO do WPP, eles deram suas visões sobre duas indústrias afetadas pelas transformações digitais.

NFL em streaming e no Brasil


Kraft diz que o futuro das transmissões dos jogos da NFL, a liga de futebol americana, está nos acordos chamados OTT (over the top) - como um que a liga assinou com a Amazon, oferecendo a transmissão dos jogos das quintas-feiras. "Estamos com grande expectativa para ver como será a parceria com a Amazon. É uma forma de atingirmos os Millenials, que não assistem mais TV e nem assinam TV por assinatura.  Acreditamos que o futuro seja o OTT", analisou o empreendedor.


Outra frente de expansão do produto NFL são os mercados internacionais - inclusive o Brasil. Londres é o mercado mais evoluído, tendo recebido jogos com presença de até 80 mil pessoas. "Não é fácil, sob o ponto de vista de logística, ter muitos jogos fora dos Estados Unidos, mas vamos levar os (Oakland) Raiders até a Cidade do México. Futuramente, temos planos de fazer jogos na Alemanha, Canadá, Brasil e China", disse. Há alguns anos, a NFL fala sobre a vontade de ter um jogo no país - o Maracanã seria o palco favorito.

Storytelling em qualquer plataforma

Howard falou bastante sobre a proliferação de novas plataformas de distribuição de conteúdo. "É um cenário empolgante para storytellers como eu", disse. Modelos de negócios como Netflix e Amazon trazem uma nova perspectiva ao mercado, avalia. "Conseguimos criar para nichos mais específicos, o que abre possibilidades para a comunidade criativa", analisou.

Sorrell provocou Howard mencionando que, enquanto a Netflix tem US$ 10 milhões para cada episódio da série The Crown, players tradicionais da mídia teriam apenas US$ 3 milhões. Howard diz que haverá espaço para todos, inclusive o cinema. Ele contou que sempre foi fã de Star Wars e que, na estreia do filme, ficou horas na fila para tentar assistir. Curiosamente, será responsável por uma spin-off com Hans Solo.

Cannes Lions fora de Cannes?


Durante o Cannes Debate, Martin Sorrell disse: "Espero continuar organizando esse evento por muitos anos, seja em Cannes, ou em qualquer outro lugar". A frase é mais uma que questiona o formato do Festival de Cannes, que sofreu um baque com o anúncio do Publicis Groupe de que não inscreverá peças no ano que vem (veja aqui sobre o Publicis e aqui sobre a posição do WPP).

Após o evento, Sorrell concedeu uma entrevista de cerca de 20 minutos à imprensa. Na conversa, reforçou o tom das cobranças que vem fazendo ao festival desde o ano passado - quando disse que reduziria a participação em Cannes. “Cannes tem um problema. Se tornou muito grande, muito caro e muito frenético. Noventa por cento da solução é o reconhecimento pelos organizadores de que existe esse problema.  E ouvir a indústria para entender como melhorar as coisas”, afirmou.

O WPP reduziu sua presença de mil para 500 pessoas no festival deste ano, porque, segundo Sorrell, o mercado enfrenta desafios.

Lions em NY, Paris ou Londres

Sorrell tem sido insistente sobre a ideia de organizar o Cannes Lions em outra cidade - Nova York, Londres e Paris seriam mais adequadas,na opinião dele.  “Cannes, talvez, não seja a atmosfera correta para esse debate”, disse. “Com todo o respeito ao mar de Cannes, que é uma cidade amável, este não é necessariamente o melhor lugar. Alguns dizem que é difícil de se chegar aqui. É uma cidade importante, segundo o ideal do Roger Hatchuel (ex-proprietário do Festival, hoje, nas mãos dos ingleses da Ascential) mas se pensarmos no mercado, há muitas outras cidades importantes como São Paulo, Buenos Aires, Xangai, ou mesmo o Vale do Silício”, exemplificou.

Se pensarmos nos objetivos de nossa indústria, Cannes não é necessariamente o centro que se escolheria para uma conferência como essa”, afirmou.

Boicote

Sorrell chamou a retirada de cena do concorrente Publicis Groupe dos festivais no ano que vem de “boicote”. “Isso não funciona. Não deu certo com o Havas e o YouTube (os concorrentes do Havas disseram que não iriam mais investir na plataforma, por problemas relacionados à confiabilidade dos anúncios)”, avaliou.

Leia tudo sobre o #ClubeinCannes aqui. 

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