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Consciência Negra 5

Com Guilherme Soares Dias (Guia Negro)

24.11.22

O Clubeonline procurou profissionais do mercado para analisarem o que mudou na indústria da comunicação em relação à inclusão, ao combate à invisibilidade e ao racismo. Por conta do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, diversas empresas e marcas procuram promover ações e reflexões sobre o tema. Mas o quanto de fato avançamos?

Ao longo desta semana, vamos publicar respostas a quatro perguntas que fizemos para esta série. Agora, o papo é com o jornalista, empresário e consultor em diversidade Guilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro e apresentador do podcast Afroturismo (do Pod360).

Leia as entrevistas anteriores com Flávia dos Prazeres, atriz e apresentadora do Café Filosófico, da TV Cultura, aqui; com Renata Hilario, strategy manager da Budweiser (Ambev), aqui; com Vinicius Chagas, head of conversations design da Dentsu, aqui; e Ana Carla Carneiro, sócia-fundadora do Estúdio Nina, aqui.

Clubeonline – Na sua opinião, há mudanças de fato perceptíveis acontecendo no mercado da comunicação, no Brasil, no que tange à inclusão, combate à invisibilidade e ao racismo?

Guilherme Soares Dias Há melhoras, mas elas são muito lentas ainda. Temos pressa. E o racismo estrutural está bastante intrínseco na área de comunicação. Os meios são de donos brancos. As chefias tem o mesmo gênero e a mesma raça das dos donos. Então, toda mentalidade e representações seguem esse modelo. É inegável que há contratações de pessoas negras, estabelecimento de áreas de diversidade, preocupação em pautar a questão racial, mas isso não é o cerne dos veículos.

Clubeonline – Você participa ou conhece iniciativas com foco no antirracismo cujo trabalho venha fazendo a diferença no nosso mercado?

Guilherme – O Guia Negro, que é a nossa plataforma de afroturismo, vem recontando histórias e mostrando as cidades com protagonismo negro. A intenção é que todos nós possamos conhecer mais nossas cidades com esse olhar para lugares, personagens e cultura negra. Há uma série de outras, mas acho importante falar do nosso trabalho, pois ele é feito sem o apoio de grandes marcar e vem fazendo um resgate de tudo o que o apagamento histórico das pessoas negras promoveu.

Clubeonline – Com relação ao Brasil em 2023, quais suas expectativas sob o prisma da inclusão, igualdade social e diversidade?

Guilherme – Esperamos voltar a ter ministério da igualdade racial, uma Fundação Palmares forte e que o tema esteja dentro das empresas, da mídia, das rodas de conversa, mas que principalmente que cada um de nós reveja privilégios, atitudes e possa também ajudar nesse combate ao racismo, lgbtfobia e na promoção da inclusão das pessoas.

Clubeonline – Poderia indicar um bom livro, ligado à questão racial, aos internautas que nos acompanham?

Guilherme – Para mim, o livro "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves, é de leitura obrigatória. É um livro grande, com uma narrativa fluída, uma pesquisa histórica consistente e que traz um período e reconstituição histórica importante para o povo negro. Impossível não andar por Salvador e não se sentir em passagens da obra.

Consciência Negra 5

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