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Festival do Clube 2019

Produção: como fechar a conta?

23.09.19

Não é de hoje que as produtoras se sentem pressionadas a entregar qualidade com verba e deadline cada vez menores. Com as redes sociais ganhando papel de destaque nos planos de mídia, ainda precisam entregar formatos totalmente diferentes, muitas vezes solicitados depois do orçamento do filme principal. "É um luxo trabalhar em uma agência que já entrega todos os pedidos digitais na mesma lista", reconhece Fabiano Beraldo, head de produção da David / Ogilvy. Questões como essas foram discutidas no painel "Faster, Cheaper & Better: Uma Equação Que Não Fecha", no Festival do Clube de Criação.

O primeiro passo foi mostrar a relação direta entre qualidade, preço, custo e a diferença do processo e/ou do resultado final quando se mexe em uma dessas pontas do tripé. Assim como reforçar a diferença entre o que é cinema e o que é vídeo. Para exemplificar, Mateus Araújo, diretor de cena e dupla Tomat, da Zohar Cinema, exibiu dois filmes de Nike com roteiros básicos muito parecidos para cada um deles.

No exemplo de cinema mostrou “Dream Further” (assista abaixo) com o script: "é Copa do mundo feminina. Vamos dar uma volta ao mundo muito legal: Just do it". O exemplo de vídeo foi "Make it Count", com o script "Somos conectados e modernos. Vamos dar a volta ao mundo muito legal: Just do it”. “Não é o conteúdo que diferencia o cinema do vídeo, é o processo. E é importante que as agências e os clientes entendam isso para ajustar expectativas”, disseAraújo.

Ele também lembrou que, com o avanço tecnológico e o barateamento de equipamentos de qualidade, há uma falsa ilusão de que basta abrir uma câmera e colocar uma pessoa na frente para produzir cinema. “Tem gente fazendo vídeo com câmera de cinema e gente fazendo cinema com câmera de vídeo.

Mayra Auad, founder and Chief Executive Officer da YourMama, lembra que quando você alinha expectativas com agência e cliente, você aumenta a possibilidade de entregar algo bom, dentro da verba que se tem.

Para o mediador Alex Mehedff, sócio e produtor executivo da Hungry Man, passamos por um momento de mudança. O espaço para diretores de filmes cinematográficos está cada vez menor, enquanto para videomakers está crescendo. “Muitas vezes você não deveria perguntar quanto custa aquele trabalho com aquele diretor, mas se ele quer fazer”, pontuou. Segundo ele, mudança exige comportamento e processos diferentes, assim como preços, tempo e resultados diferentes. “É uma questão de critérios, de aceitar a mudança e mudar ou permanecer no espaço que vai ficar menor”, comentou.

O diretor de cena da Killers, Claudio Borrelli, diz que é preciso saber se posicionar e dizer não. "Desde que abrimos a produtora, há 15 anos, nossas decisões são mais artísticas do que financeiras. E tem dado certo”. Mayra aproveita o tema do festival, Resista, para provocar se não é mesmo hora de repensar e resistir, dizendo mais "nãos".

Consciente de que a função do produtor é a de mediador entre todas essas expectativas, Fabiano Beraldo diz que é seu papel também mostrar para o cliente que talento não tem preço. E o tratamento ajudou muito a sair do universo dos números para algo mais subjetivo. Além disso, lembrou que produtoras maiores e mais premiadas custam mais.

É importante também oferecer soluções e deixar o cliente consciente do resultado, quando o assunto é diminuir custos de uma produção, como uma segunda diária para filmes de content para redes sociais. Beraldo costuma pedir a liberação de todo o material capturado para a produtora para usar de outras formas, como no digital. Ou oferece soluções como filmar sem luz que atrapalhe o diretor do “filmão, aproveitando a mesma diária, mas deixando claro para o cliente que a qualidade de um filme será muito diferente da do outro.

O mercado precisa entender que o digital não necessariamente é barato. “Para a produtora, não interessa onde vai passar, mas quanto custa para fazer”, diz Borrelli, que completa: “E para muito cliente o digital já é tão importante quanto o filmão”.

Mehedff lembrou de uma produtora gringa que conheceu em Cannes e que faz só produções verticais de filmes de viagens. Seu problema, no entanto, é o inverso do abordado no painel. Quando estabelece relação de confiança com os clientes, começa a receber pedidos de filmes cinematográficos. E também precisa dizer "não".

O que acaba acontecendo é que, com verbas menores, os produtores acabam tendo que pedir mais orçamentos. Regiani Pettinelli, Head of Broadcast da Wieden+Kennedy São Paulo, sabe que isso toma um tempo que seria valioso na produção. E pede uma ajuda: “é preciso também que a produção comece a ter inteligência de se adequar à realidade do mercado e enxergar, por exemplo, quantas pessoas de fato são necessárias em um set de filmagem”. Lembrando sempre que há regras dos sindicatos que precisam ser respeitadas e poderiam ser repensadas.“O prazo apertado é um problema, mas a grande questão é sempre financeira”, diz ela.

No entanto, todos concordam que ter mais tempo pode ajudar na redução de custos de uma produção. Com tempo você pode dialogar, encontrar soluções, evita investir em mais figurino, equipamento ou objeto de cena para caso de algo sair errado e não ter tempo de resolver, entre alguns do inúmeros exemplos que poderiam ser dados.

Se vale mais um conselho, o de Beraldo não é tão animador: "Preparem-se porque as marcas vão querer aparecer cada vez mais, com menos dinheiro". O que também pode ser sinal de uma nova demanda para um novo modelo de negócio voltado, por exemplo, para o mercado de content, que exige mais agilidade e menos super produção. Fica a dica.

Rita Durigan

Confira aqui a programação completa do Festival do Clube de Criação 2019.


Serviço


Festival do Clube de Criação


Setembro, 21, 22 e 23 - 2019 - sábado, domingo e segunda-feira


Local: Cinemateca Brasileira - São Paulo - Brasil


Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino


Ingressos à venda (aqui). Garanta já o seu.


Hosted by: Clube de Criação


55 11 3034-3021


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Teremos serviço de shuttle para quem quiser estacionar no Hotel Pullman Ibirapuera


Horário: das 08h30 às 22h30


Trajeto: Pullman / Cinemateca / Pullman


Abertura dos portões e do credenciamento: sábado, domingo e segunda às 9h

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