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Cannes Lions 2017

O que pensam os jurados – Claudio Lima (Ogilvy)

25.05.17

Print é a categoria em que o Brasil é reconhecido por sua excelência. Nos últimos anos vem sendo o país que mais soma Leões nessa premiação, que nasceu em 1992 sob o nome de Press & Outdoor (a partir de 2002 as áreas foram divididas e em 2006 surgiu um júri separado para Outdoor). O jurado Claudio Lima, vice-presidente de criação da Ogilvy, que já começou a analisar trabalhos, conta que o nível das peças que têm recebido é muito alto (o júri inicia sua missão com uma avaliação online, antes mesmo da chegada dos jurados em Cannes). “Espero ajudar a trazer mais Leões do que em 2016”, diz.

No ano passado, mais uma vez o Brasil se destacou, porém um fato negativo ofuscou essa performance. O país havia conquistado 14 Leões (sendo quatro de Ouro – veja os vencedores aqui). A quantidade foi reduzida para 13 depois que a AlmapBBDO abriu mão do Bronze que obteve com um anúncio para Bayer (Aspirina e CafiAspirina). A medida foi adotada porque outro Bronze conquistado pela campanha, mas em Outdoor, gerou polêmica no Festival. A peça premiada foi acusada de ser machista. Posteriormente, o cliente afirmou que a veiculação foi paga pela agência. A Almap, ante esse imbróglio, decidiu devolver os Leões dados à campanha (leia mais aqui).

Em 2015, o Brasil somou 11 Leões em Print. No ano anterior foram 22 e, em 2013, 25. Na história da categoria, o país conta com dois GPs. Em 2010, a Almap ganhou o prêmio máximo com uma campanha para Billboard. E em 1993 o Brasil conquistou seu primeiro Grand Prix no Cannes Lions com uma peça criada pela DM9 para o Guaraná Antarctica Diet.

O GP de Print no ano passado foi para o case McWhopper, da Y&R Nova Zelândia junto com a David Miami para o Burger King (confira aqui).

De olho em tendências, Claudio Lima acredita que o craft vai despertar atenção porque há peças bem executadas, com cuidados em direção de arte e redação. “Acho que esse vai ser um diferencial em Cannes 2017”. O júri da categoria é presidido por Fran Luckin, CCO da Grey da África do Sul. Para saber mais detalhes sobre Print & Publishing, acesse o link do Cannes Lions.

Festival Internacional de Criatividade acontece entre os dias 17 e 24 de junho. Confira a composição de todos os júris aqui.

O Clubeonline está publicando entrevistas com os demais jurados do Brasil. Leia o que já saiu: Fernando Machado (Burger King/ Creative Effectiveness), Miriam Shirley (Publicis/ Media), Marcelo Pascoa (Coca-Cola/ Entertainment), Mario D’Andrea (Dentsu Brasil/ Radio), Celio Ashcar (Aktuellmix/ Promo & Activation), Mario Narita (Narita Design/ Design), Rafael Pitanguy (Y&R/ Mobile) e Gabriel Araujo (Ketchum e Little George/ PR).
Para acompanhar o noticiário completo sobre o Cannes Lions 2017, clique aqui.

1. Nome, cargo e há quanto tempo comparece ao Festival de Cannes.

Claudio Lima, vice-presidente nacional de criação da Ogilvy Brasil. Para o Festival de Cannes eu já fui umas dez vezes. Tive o privilégio de ir pela primeira vez em 2003 como Young Creative por Portugal e ganhar a competição internacional lá. E de ir como delegado e ir como jurado, primeiro pelos Estados Unidos e, agora, pelo Brasil. Sempre são experiências incríveis, de muito aprendizado, contatos e descobertas. 

2. Este ano, júris estão reduzidos, uma decisão para melhorar a qualidade dos debates (de acordo com a organização). Como avalia o papel do jurado? Que desafios ele enfrenta? 

O desafio do jurado é entregar a melhor seleção possível dos trabalhos daquele ano. Você não quer terminar o seu júri e ouvir só vaia no dia da premiação no Palais. Aí, o desafio é deixar o "clubismo" de país e network do lado para ter uma escolha justa. Claro que temos de defender o trabalho do Brasil, mas principalmente ajudar dando contexto e realçando fatos que talvez passem despercebidos pelos outros jurados. Com apenas dez jurados este ano, essa discussão vai ser muito mais fácil e direta e com menos layers [Nota da Redação: diversas categorias contam com júri exclusivo online, que não faz parte do corpo de jurados que estará em Cannes; esse grupo faz uma pré-seleção para diminuir a quantidade de peças avaliadas in loco].

3. O que já conseguiu acompanhar da sua categoria?  Resultados em outros festivais? Tendências da área? Campanhas que têm se destacado no mercado, nas redes sociais e na mídia especializada?

Tenho recebido trabalhos de diversas agências brasileiras e de diversos brasileiros em agências do mundo todo e já dá para ver que o nível está bem alto. Não gosto muito de comparar resultados de Cannes com o de outros festivais, porque acho que cada festival tem um pool de trabalhos e jurados diferentes. O que tem chamado atenção é o craft, peças incrivelmente bem executadas, com cuidados em direção de arte e redação – acho que esse vai ser um diferencial em Cannes 2017.

4. O que espera da participação do Brasil no Cannes Lions?

Ainda vamos sentir nos Leões os efeitos da economia ruim – assim como em 2016 tivemos uma queda. Em 2017 minha expectativa é que a gente fique, com sorte, no mesmo número do ano passado. Infelizmente a incerteza econômica influência na decisão sobre a quantidade de peças a serem enviadas e até em apostar em um trabalho mais "criativo e inovador" em relação a um trabalho mais "safe". Mas já em Print acho que vamos melhor. O nível das peças que eu tenho recebido é realmente muito alto e espero ajudar a trazer mais Leões do que em 2016.

5. Se tivesse o poder de mudar algo em Cannes, tanto na premiação quanto no conteúdo, o que seria?

A coisa boa de Cannes é que é um festival muito inquieto, que está sempre se renovando e procurando coisas novas que vão ser de interesse dos delegados. Todos os anos temos novas categorias e coisas para assistir e fazer. Então, o Festival já muda bastante. Mas se pudesse mudar algo, eu limitaria o número de categorias dos prêmios para focar mais nas ideias e menos nas nuances de execução.

Laís Prado

Cannes Lions 2017

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